O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou nesta sexta-feira (29) que o governo norte-americano começará a revogar de forma agressiva os vistos de estudantes chineses, especialmente aqueles com vínculos com o Partido Comunista Chinês ou matriculados em áreas consideradas críticas para a segurança nacional.
Em comunicado oficial, o Departamento de Estado afirmou que, sob a liderança do presidente Donald Trump, haverá uma cooperação direta com o Departamento de Segurança Interna para intensificar o cancelamento desses vistos. A medida se estenderá também a uma revisão dos critérios de concessão de vistos para todos os futuros requerentes da China e de Hong Kong, com reforço na triagem de segurança.
A decisão ocorre em meio a tensões crescentes entre Washington e Pequim, e também atinge instituições de ensino de prestígio. A Universidade de Harvard entrou com uma ação judicial contra o governo, contestando uma decisão que proíbe a matrícula de estudantes estrangeiros. A universidade alega que a medida viola a Primeira Emenda da Constituição dos EUA e representa uma retaliação política com consequências severas.
“Com uma simples canetada, o governo tenta eliminar um quarto do nosso corpo estudantil — estudantes internacionais que são parte essencial da missão de Harvard”, declarou a instituição no processo. A universidade informou que vai solicitar uma liminar para barrar a implementação das novas regras, que, além de impedir novas matrículas, obrigam alunos estrangeiros atuais a se transferirem.
A Casa Branca justificou a decisão alegando que Harvard estaria promovendo um ambiente inseguro nos campi, abrindo espaço para “agitadores antiamericanos e pró-terroristas”, além de colaborar com o Partido Comunista Chinês. Segundo o governo, a universidade teria inclusive treinado membros de um grupo paramilitar ligado à China.
Na última terça-feira, Rubio também ordenou a suspensão de entrevistas consulares para vistos de estudantes estrangeiros até que novas diretrizes sejam publicadas. A instrução, citada pela agência Bloomberg, determina que, com efeito imediato, sejam interrompidas todas as marcações para emissão de vistos estudantis e de intercâmbio até que o sistema de verificação de antecedentes e análise de redes sociais dos candidatos seja ampliado.
A medida pode atrasar significativamente o processamento de vistos, segundo apurou o site Politico, afetando principalmente universidades que dependem financeiramente das mensalidades pagas por estudantes estrangeiros.
Desde abril, em resposta a protestos pró-Palestina em universidades americanas, o governo Trump intensificou a vigilância sobre estudantes suspeitos de apoiar o Hamas — considerado um grupo terrorista pelos EUA — ou de manifestações de antissemitismo. De acordo com o The New York Times, estudantes envolvidos nesses atos tiveram seus vistos cancelados, foram detidos ou impedidos de retornar ao país.
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