PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido às 12 horas de Brasília (17h na França) na prefeitura de Paris. Descerrou uma placa inaugurando uma "floresta urbana" na esplanada diante da sede do governo da capital sa. A obra ainda está incompleta, e a abertura deveria acontecer apenas no mês que vem, mas foi antecipada para que Lula pudesse ser homenageado com seu nome na placa inaugural.
A presença de Lula foi saudada pela prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo, que o chamou de "lenda viva" diante de uma plateia de 600 convidados, a maioria brasileiros que vivem na França. Ela afirmou que viajará ao Brasil para a COP 30. "Estarei a seu lado em novembro para ver, eu espero, o Acordo de Belém ser fechado."
"Quando Javier Bolsonaro o jogou na prisão, são os corruptos prendendo os honestos porque eles não sabem ganhar a batalha de forma leal", prosseguiu a prefeita, errando o nome do antecessor de Lula -que tampouco foi o responsável pela prisão do atual presidente, em 2018.
"Paris ama você", concluiu Hidalgo. Em 2020, Lula recebeu o título de cidadão honorário da capital sa.
No evento, Lula abraçou Lélia Salgado, viúva do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, morto em 23 de maio. "É uma pena que Sebastião não esteja, porque ele era tão feliz cada vez que via Lula. O senhor foi o melhor presidente que o Brasil já teve", discursou Lélia, que vive em Paris.
O presidente também saudou Nalu Paiva, filha do deputado cassado e morto pela ditadura Rubens Paiva. "O filme de Walter Salles mostrou para a juventude brasileira o que aconteceu. Não podemos deixar de votar. É o nosso maior instrumento. Temos que resistir sempre. Venho falar em nome do que escreveu meu irmão", declarou Nalu, radicada em Paris, referindo-se ao livro "Ainda Estou Aqui", de Marcelo Rubens Paiva, que originou o filme homônimo vencedor do Oscar de melhor obra estrangeira.
"Já ganhamos o Oscar, ganhamos em Cannes. Nós estamos chiques. O Brasil não é mais do Terceiro Mundo, o Brasil é do Sul Global", afirmou Lula. Animado, o presidente falou sobre o evento anterior ao qual compareceu, na Academia sa, onde foi homenageado e recebeu uma medalha. "Hoje eu trouxe uma palavra para enriquecer o dicionário francês. Fui convidado para ir à Academia sa. O segundo personagem brasileiro, o primeiro foi dom Pedro. Fico orgulhoso porque tenho um curso técnico feito no Senai. Fico orgulhoso de ter trazido uma palavra, para enriquecer o dicionário francês, que é 'multilateralismo'."
Mais cedo, Lula foi recebido pelo presidente da França, Emannuel Macron, no Palácio do Eliseu. Depois, em declaração à imprensa ao lado do líder francês, pediu que ele "abrisse o coração" para um acordo da União Europeia com o Mercosul.
O jantar de Estado oferecido por presidente Macron está programado para as 20h30 (15h30 em Brasília) no Palácio do Eliseu. Reunirá autoridades e personalidades dos dois países. Haverá apresentação musical de duas cantoras, a brasileira Roberta Sá e a sa Sélène Saint-Aimé. Segundo o Diário Oficial da União, a empresa de Roberta Sá recebeu R$ 168 mil pelo show.
Está marcada para as 17h15 de Brasília (22h15 locais) a iluminação da Torre Eiffel com as cores da bandeira brasileira, outra rara deferência dos ses a Lula. A previsão é de chuva em Paris à noite.